Organizado pela Universo Produção desde 1998, a Mostra de Cinema de Tiradentes teve a 28ª edição em 2025. Tradicionalmente realizado em janeiro, o evento inaugura o calendário audiovisual do país e dá o tom de muitas das discussões que irão se estender por outros festivais ao longo do ano. Foram exibidos 140 filmes durante a programação do evento.
Categorias
O longa-metragem sergipano Um Minuto é uma Eternidade para Quem Está Sofrendo, dirigido por Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro, foi o vencedor da Mostra Aurora. A categoria é voltada para a exibição de filmes inéditos de novos realizadores que estão em seu primeiro longa-metragem. Desde que foi criada em 2008, ela se consolidou como uma das principais atrações do festival sediado na cidade mineira.
A vitória foi decretada pelo Júri Jovem, formado por estudantes selecionados por meio de um oficina de crítica de cinema. Um Minuto é uma Eternidade para Quem Está Sofrendo é um documentário que acompanha Wesley, um dos dois diretores, em um mergulho na sua própria personalidade, expondo seus sentimentos e conflitos internos em diferentes momentos da vida.
A Mostra Olhos Livres, outra categoria de destaque no evento, consagrou obra coproduzida em Minas Gerais e em São Paulo. Trata-se do longa-metragem Deuses da Peste, dirigido por Tiago Mata Machado e Gabriela Luíza. Declarado vencedor pelo júri oficial, composto por críticos, o filme narra uma história que se passa em casarão em ruínas, no centro da capital paulista, onde vive um velho ator afastado dos palcos.
Além das duas principais categorias, a Mostra de Cinema de Tiradentes distribui outros prêmios. Entre Corpos, de Mayra Costa, foi apontado pelo Júri Oficial como melhor curta-metragem que concorria na Mostra Foco. A atriz Ticiane Simões, que atua no filme, também foi agraciada por sua atuação. Já o voto popular consagrou o longa-metragem 3 Obás de Xangô, de Sergio Machado, e o curta-metragem Dois Nilos, de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro.
Destaques
Houve ainda prêmios distribuídos por patrocinadores do evento. Fora das categorias competitivas, a programação contou com uma seleção de obras que compõe a trajetória de Bruna Linzmeyer, atriz homenageada da edição.
Além disso, houve diversas sessões de filmes em pré-estreia. Um dos destaques foi Malês, novo título de Antônio Pitanga, que chegará às salas de cinema em abril. O longa-metragem narra as trajetórias de diferentes personagens envolvidos na Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador no ano de 1835 e considerada a mais importante rebelião urbana de escravizados do Brasil.
Outra pré-estreia que contou com grande interesse do público foi Yõg Ãtak: Meu pai, Kaiowá, dirigido por Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna. É um documentário que acompanha a busca de Sueli Maxakali pelo pai, Luis Kaiowá, de quem foi separada durante a ditadura militar no Brasil.
O filme de encerramento, exibido na noite de sábado (1º), foi também uma pré-estreia: Suçuarana, de Clarissa Campolina e Sérgio Borges. O filme narra a história de Dora, uma mulher que busca por uma terra perdida que ela e a mãe tanto sonharam. Em meio a encontros com outros visitantes, a protagonista atravessa um território devastado pela mineração, em busca de um lugar onde possa encontrar pertencimento.
Todas as atividades da Mostra de Tiradentes são gratuitas. Além das sessões cinematográficas, o público pôde acompanhar apresentações artísticas, oficinas e debates. A programação inclui ainda realização do Fórum de Tiradentes, evento que reúne dezenas de profissionais do setor para um diagnóstico do audiovisual brasileiro com o objetivo de formular propostas ao MinC. Um dos temas de maior destaque foi a regulação das plataformas digitais que exploram serviços de vídeo sob demanda (VOD, na sigla em inglês).
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